sábado, 23 de outubro de 2010

Um Ano de Cativeiro

               Somália

Casal há um ano nas mãos de piratas

Rachel e Paul, britânicos, foram capturados no Índico a 23 de Outubro de 2009. Um calvário sem fim à vista.
O casal Chandler - dois reformados britânicos, capturados ao largo do arquipélago das Seicheles por piratas da Somália - permanece há um ano exacto em cativeiro. Uma penosa experiência que promete prolongar-se enquanto se regista um impasse nas negociações para a sua libertação.
Paul e Rachel Chandler foram raptados a 23 de Outubro de 2009, perto das costas da Seicheles, no oceano Índico, enquanto dormiam a bordo do seu veleiro Lynn Rival, de 11,6 metros de comprimento.
Na véspera, tinham deixado Mahé, a principal ilha do arquipélago, em direcção à Tanzânia, aonde tencionavam ancorar cerca de 12 dias mais tarde.
O chefe de um dos grupos de piratas da Somália, Abdi Yare, fez chegar nessa altura à AFP a sua reacção de surpresa: "Isto é que é ter sorte! Ninguém pensaria que duas pessoas ousassem navegar nesta altura no Índico a bordo de um veleiro."
Na verdade, os piratas somalis haviam multiplicado nas semanas anteriores os seus ataques ao largo das Seicheles, nomeadamente contra pesqueiros franceses e espanhóis, aproveitando o fim da monção, que propicia melhores condições de navegação na zona.
O casal Chandler tem vivido um cativeiro particularmente difícil, pontuado por ocasionais pedidos de socorro e raras entrevistas em que puderam revelar que são regularmente separados um do outro pelos seus captores.
De acordo com uma fonte próxima das negociações, Paul e Rachel Chandler foram de novo reunidos e encontram-se agora perto da localidade de Amara, no centro da Somália.
"Esta situação é terrivelmente vergonhosa para a nossa nação", referiu ontem o Governo somali num comunicado, anunciando igualmente a vontade de explorar outras pistas de negociações, nomeadamente junto dos líderes de clãs e notáveis locais.
No fim de Janeiro, os dois reféns pareciam muito fatigados, tanto do ponto de vista físico como emocional, aos olhos de um jornalista da AFP que pôde aproximar--se do local onde estão detidos
"Peço-vos que nos ajudem! Estas pessoas não nos tratam bem", implorou a senhora Chandler a um médico somali autorizado pelos piratas a examinar os reféns. "Já sou idosa, tenho 56 anos, e o meu marido tem 60. Devemos ficar juntos, até porque já não nos resta muito mais tempo", implorou ela também.
Desde 2006, o casal passava a maior parte do seu tempo a percorrer mares e oceanos a bordo do veleiro, com temporadas ocasionais no Reino Unido.
Cinco dias antes de terem zarpado das Seicheles, Rachel e Paul descreviam no seu blogue as paisagens paradisíacas que iam percorrendo, aproveitando também para divulgar diversas fotos.
Numa entrevista concedida no fim de Maio, os dois reformados britânicos suplicaram ao novo Governo do Reino Unido, liderado por David Cameron, para conseguir a sua libertação.
Um porta-voz do ministério britânico dos Negócios Estrangeiros aproveitou, no entanto, para reiterar a posição intransigente de Londres em matéria de reféns, nomeadamente a firme recusa de pagar qualquer resgate a piratas.
De acordo com várias fontes relacionadas com as negociações, à medida que o tempo tem passado os piratas vão baixando o preço exigido pela destituição dos reféns à liberdade. O preço actualmente fixado é de um milhão de dólares, que Londres acha inaceitável.


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