terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Ponte 25 de Abril

Inspecção subaquática aos pilares da Ponte 25 de Abril 

Oito mergulhadores e três técnicos vão estar, a partir da próxima semana, de olhos postos na parte submersa dos pilares em que assenta a Ponte 25 de Abril. As inspecções subaquáticas à ponte que liga Lisboa e Almada servem para analisar o estado de conservação das estruturas, permitindo depois programar eventuais acções de reabilitação. Vinte e três anos após a última iniciativa deste género, a Estradas de Portugal (EP) quer saber se a ponte continua bem assente no leito do rio Tejo.
Os trabalhos, adjudicados à empresa Quadrante - Engenharia e Consultoria, por 76,3 mil euros mais IVA (num total de 93,8 mil euros), terão de estar concluídos até Maio. A EP prevê que, depois desta fiscalização, as acções de prevenção aos pilares três e quatro da ponte passem a ser feitas de cinco em cinco anos.
Numa primeira fase, que decorre até 15 de Março, vai ser feito o registo em vídeo de todas as superfícies de betão submersas. Os mergulhadores vão procurar sinais de erosão ou fendas junto aos pilares, problemas que poderiam provocar ou contribuir para a queda da ponte. Depois da recolha das imagens, é feita a análise dos resultados e elaborado um relatório, que terá de estar concluído até Maio.
A última inspecção subaquática semelhante a esta foi efectuada em Setembro de 1988, quando a ponte ainda estava na esfera da Autoridade de Segurança, criada para o efeito. A EP tornou-se, em 2008, a entidade responsável pela monitorização e fiscalização permanente de todos os aspectos estruturais da Ponte 25 de Abril. Um ano depois, em Agosto de 2009, fez uma inspecção, ainda que menos aprofundada, aos pilares. "Nessa altura, confirmou-se o bom estado de conservação destas superfícies", adiantou fonte daquela empresa ao PÚBLICO.


Por norma, os pilares das pontes podem durar 50, 100 ou 120 anos, dependendo do tamanho das estruturas e também da manutenção que for feita. Neste caso, o investimento anual da Estradas de Portugal com a inspecção da Ponte 25 de Abril é de cerca de 500 mil euros. Este dinheiro destina-se, nomeadamente, à monitorização do tabuleiro rodoviário, que comemora este ano 45 anos de utilização. Por dia, passam por ali cerca de 150 mil veículos. A polémica em torno da necessidade de substituir o tabuleiro rodoviário dura há alguns anos, mas a EP recusa alimentá-la. Com base nas inspecções "regularmente" efectuadas, "não foram detectadas quaisquer deficiências técnicas que justifiquem urgência na abordagem deste tema", sublinha a empresa.
Em 2004, um relatório da Parsons (empresa responsável pelo alargamento do tabuleiro, em 2000) propunha à EP a modificação do actual tabuleiro, que estaria a "aproximar-se do fim da sua vida útil". O documento, divulgado pelos semanários Sol e Expresso, indicava que o elevado tráfego da ponte rodo-ferroviária provocou fissuras nas traves, que necessitariam de intervenção urgente. Porém, após estudar a proposta de intervenção, a EP recusou-a por considerar os problemas estruturais pouco expressivos.

Vento é o principal inimigo da ponte

Não é o rio Tejo, mas sim o vento, a principal preocupação de quem monitoriza a Ponte 25 de Abril. Um especialista em estruturas contactado pelo PÚBLICO admite que o tabuleiro, sustentado por cabos metálicos, é a parte mais vulnerável da travessia, devido ao vento transversal.

Não obstante a falha sísmica sobre a qual assenta o pilar da torre norte, as fundações não devem ser motivo de grande preocupação, pelo que a realização de inspecções subaquáticas a cada 20 anos pode ser suficiente.


Momentos marcantes: há 45 anos a ligar as duas margens do Tejo

1962
Começam, em Novembro, as obras de construção da ponte que liga Lisboa a Almada, adjudicadas à empresa norte-americana United States Steel International

1966
Em Agosto, seis meses antes do previsto, Oliveira Salazar inaugura a travessia, à qual deu o seu nome. Só em 1974 é que esta passa a chamar-se Ponte 25 de Abril1988
É realizada uma inspecção subaquática aos pilares da ponte, na qual não são detectadas irregularidades

1999
Depois do alargamento do tabuleiro rodoviário (para seis vias), da instalação do caminho-de-ferro e do reforço da estrutura, é inaugurada a travessia ferroviária

2002
Começam as obras de substituição das juntas de dilatação do tabuleiro por rampas metálicas, que contribuem para a resistência aos efeitos do vento

Outras características a destacar:

2.185.000 homens envolvidos na sua execução! 
Comprimento do vão principal – 1.012,88 m
Distância entre amarrações – 2.227,64 m
Altura livre acima do nível de água – 70,00 m
Altura das torres principais acima do nível da água – 190,50 m
Diâmetro dos cabos principais – 58,60 m
Profundidade do pilar principal norte abaixo do nível da água – 80 m
Profundidade do pilar principal sul abaixo do nível da água – 35 m
Aço trabalhado e montado – 72.600 ton
Betão utilizado na construção – 263.000 m3
Terras e rochas removidas – 6.500.000 m3

Por: Marisa Soares / Público

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