terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

eólica flutuante

EDP volta-se para o mar

Até ao fim do Verão a eólica flutuante estará a produzir energia no Mar, ao Largo da Póvoa do Varzim

A ideia de uma eólica flutuante surgiu no Canadá, mas é em Sever do Vouga que se vai tornar realidade.
A metalomecânica A. Silva Matos já está a produzir as várias componentes do protótipo Windfloat para a EDP Renováveis, que a partir de junho deverão seguir para a doca da Lisnave, em Setúbal, onde serão montadas.
Para sermos mais precisos é aqui que o Windfloat (inventado pelos canadianos da Principle Power) ganhará a forma definitiva. Uma estrutura metálica com 121 metros de altura - ver infografia em baixo - que depois será rebocada por via marítima até à Aguçadoura, na Póvoa de Varzim. É ao largo da costa desta zona do país que será ancorado ao fundo mar o Windfloat, até final do verão.
Porquê nesta altura? "Porque é quando as condições de mar nos permitem instalar em total segurança um equipamento como este em offshore", explica Jorge Cruz Morais, administrador da EDP.
E a expectativa é grande, pois trata-se de um protótipo único a nível mundial. "Se resultar, como esperamos, pode ser o início de uma nova frente de negócio, para nós e para o país", nota o gestor.
Grande oportunidade para os portos nacionais
É que, não só a EDP Renováveis se irá abastecer de eólicas flutuantes para os seus projetos como o modelo poderá ser vendido para outros clientes para qualquer sítio do mundo. "Isto é uma oportunidade fantástica para a metalomecânica e para os portos portugueses. Provavelmente, estamos aqui a falar do nascimento de um novo negócio de grandes dimensões ligado ao mar", enfatiza Cruz Morais. É com algum orgulho que diz ainda:

"Enquanto alguns falam da aposta que se deve fazer no cluster do mar, e passam o tempo a discursar sobre o assunto, nós já estamos a fazer algo de concreto nessa área, e este verão será uma realidade a nova eólica flutuante".
Para além de interferir diretamente com os sectores da construção naval (portos) e da indústria metalomecânica, de forma mais acentuada, a construção de eólicas flutuantes e parques em alto mar vai também dinamizar a indústria de cablagens, o transporte marítimo, a engenharia e empresas fornecedoras de serviços e bens ligados à eletricidade, como a Efacec, a Siemens ou a ABB.
Ou seja, e como sublinha o gestor da EDP, podemos vir a assistir ao nascimento de uma área de negócio emergente e de futuro, pela simples razão de que as eólicas em território continental começam a aproximar-se do ponto de saturação.
Aliás, no caso de Portugal já há estudos que apontam para que, findo o programa de renováveis em curso (que poderá ultrapassar os 8000 megawatts de capacidade instalada e ainda só vamos em metade), o território fica saturado de aerogeradores. Só poderiam ser implantados mais se fossem ocupadas áreas de reserva e parques naturais. O que, na perspetiva dos ambientalistas, seria "completamente impensável".
Como é do conhecimento geral, a Comissão Europeia instituiu há cerca de dois anos o objetivo dos 20 20 20. Ou seja, que em 2020 20% da energia produzida seja de origem renovável e que as emissões de dióxido de carbono sejam reduzidas em 20%. Ora, para que isso se cumpra é necessário muito investimento em energias limpas, sobretudo eólicas, mas há já algum tempo que vários críticos destas metas vêm dizendo que o território continental europeu já não comporta muito mais eólicas. E garantem mesmo que a única solução será avançar rápido e em força para a alternativa do offshore.
EDP quer liderar nas eólicas flutuantes
A EDP Renováveis, que é já a terceira operadora mundial no seu sector, não quer ficar fora desta corrida. Mas quer mais. "A EDP pretende ser líder neste domínio, e até agora só temos uma solução concorrente já em experimentação na Noruega. O objetivo, como é óbvio, é sermos melhores que os noruegueses".
O protótipo Windfloat, que vai ser testado na Aguçadoura, ficará em fase experimental até meados de 2012. Terá dois MW de potência instalada e a torre eólica será fornecida pela dinamarquesa Vestas. Findo esse prazo a EDP avançará para a construção do primeiro parque eólico offshore em água profundas do mundo.
Se, na pior das hipóteses, o próximo Governo não der cobertura à política de investimento em renováveis... "É muito simples. Vamos para outro lado. O que por aí não falta é mar", conclui Cruz Morais.
O investimento neste projeto é de €15 milhões, dos quais €5 por conta da EDP.

Vítor Andrade (www.expresso.pt)

Sem comentários:

Enviar um comentário