domingo, 5 de dezembro de 2010

Antártica

A Antártica é de todos

Todos sabemos que na Antártica há muito gelo. A camada de água congelada que cobre o continente atinge, em média, 2.000 metros de espessura (algo como 20 quarteirões de altura0, podendo chegar a 4.000 metros! Mas lá não existe só isso. Há muitos animais e até vegetais. Quem já visitou o local conta que é uma das paisagens mais maravilhosas da Terra.
O território, onde fica o Polo Sul, é enorme: 14 milhões de km²; correspondente a uma vez e meia o tamanho do Brasil. Cerca de 98% dessa área está coberta por gelo e neve na maior parte do ano. Calcula-se que represente 90% da água doce do planeta.
A temperatura varia de acordo com a estação climática e o local. No interior do continente faz mais frio, podendo chegar a 90°C negativos! Mas engana-se quem pensa que essa é a maior dificuldade enfrentada na Antártica. Os ventos são o principal desafio. Chegam a 300 km/ h, velocidade de carros de F-1.
POUCA GENTE - A Antártica não tem povo nativo. O homem demorou milhares de anos para chegar lá. As primeiras expedições ocorreram no século 16, mas só conseguiram permanecer no solo antártico no século 19.
Atualmente, abriga cerca de 80 mil habitantes temporários, em geral cientistas e profissionais que os ajudam nas pesquisas. Ficam nas estações científicas ou em acampamentos, a maioria perto do litoral, por alguns meses. Poucos países mantêm pesquisadores o ano todo. A Argentina, por exemplo, montou pequena vila na qual nasceram as primeiras crianças no continente.

É DE TODOS - A Antártica não tem dono, é da humanidade. Mas desperta grande interesse, inclusive econômico. Ninguém briga por seu território porque há um acordo entre todos, o Tratado da Antártida, conhecido como Protocolo de Madri.
O documento, assinado em 1º de dezembro de 1959 primeiramente por 12 nações, defende que o continente seja usado só para fins pacíficos. Ainda garante a liberdade da pesquisa científica e proíbe o lançamento de lixo e resíduos radioativos no local.

Mais do que pinguim
O pinguim é o bicho mais conhecido da Antártica. Entre as espécies mais famosas que vivem por lá estão o pinguim-imperador (como Mano da animação Happy Feet), além de pinguim-rei, pinguim-de-Adélia e pinguim-getoo. Mas não são os únicos.
Existem outras aves marinhas, como o albatroz, e os mamíferos, como focas e leões-marinhos. A maior variedade, porém, fica dentro d''água. Lá, vivem muitas espécies de peixes, lulas, estrelas-do-mar, anêmonas, esponjas e crustáceos, além de baleias.
Um dos bichos mais importantes da região é o krill antártico (parente do camarão), que serve de alimento para a maioria dos animais. Esse invertebrado mede até 6 cm. Em algumas áreas é possível encontrar mais de 30 mil krills em um quadradinho de área de 1 metro. Apesar da grande quantidade, está ameaçado pelas mudanças climáticas; por isso, organizações internacionais criaram o Projeto de Conservação do Krill Antártico.


Controla o clima da terra
A Antártica é o refrigerador da Terra. Sem ela, o clima seria completamente diferente. Como tem ligação com os principais oceanos do planeta - Pacífico, Atlântico e Índico -, suas águas supergeladas equilibram a temperatura dos demais.
Aliás, se o planeta ficasse mais quente, o homem teria grande dor de cabeça. Pesquisadores acreditam que se todo o gelo do continente derretesse, o nível dos mares aumentaria 60 m. Com isso, todas as cidades litorâneas ficariam inundadas.
É por isso que muitos estudiosos estão preocupados. O aumento da temperatura das correntes marítimas já está derretendo o gelo. Para piorar há gigantesco buraco na camada de ozônio (que protege a Terra contra os raios solares) bem acima da Antártica.
O Brasil mantém lá a Estação Comandante Ferraz, localizada na ilha do Rei George, onde estuda as consequências do impacto das mudanças climáticas no País, entre outras questões.
Há algumas plantas rasteiras
A Antártica tem vegetação, mas nada de florestas com árvores. Devido ao forte frio e vento, poucas plantas conseguem se desenvolver; quase todas são rasteiras, como musgos e algas. Há ainda líquens (mistura de alga e cogumelo) e fungos. Lá existem apenas duas espécies de angiospermas (que dão flores e frutos), as gramíneas Deschampsia antarctica e Colobanthus quitencis, que têm flores por alguns poucos dias no ano.
Os cientistas descobriram que há 80 milhões de anos o continente era bem diferente. A temperatura era mais agradável e a área abrigava florestas gigantescas. Prova disso é o pedaço de tronco petrificado de 4 m que a equipe de pesquisadores do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro encontrou lá

Todo planeta depende dele
Poucas pessoas têm o privilégio de conhecer o continente gelado. Mas as gêmeas Laura e Tamara, 13 anos, e a irmã Marininha, 10, são muito sortudas. Elas já estiveram cinco vezes na Antártica. Como? São filhas do famoso navegador Amyr Klink, que há muitos anos faz expedições ao local.
As meninas sempre viajam entre janeiro e março, quando ainda é verão. Nas outras épocas do ano, o mar congela e fica difícil chegar. "Todos acham que só tem gelo. Não é assim. Lá, a gente está em paz. Nos sentimos livres", conta Laura.
A paisagem e muitos animais impressionaram as irmãs. Tamara não imaginava que as baleias fossem tão grandes. Também acha curiosa a atitude de algumas espécies. "Os albatrozes ficam em lugares bem altos. Se os filhotes demoram muito para voar, os pais os empurram do ninho na marra."
Mas nem tudo é legal. "É triste ver os animais sumindo e o gelo derretendo. É diferente de quando a professora fala disso", afirma Marininha.
As experiências das meninas se transformaram no livro Férias na Antártica (Grão Editora, 72 págs.,). Agora, elas também dão palestras em que falam sobre tudo o que aprenderam lá.
Na Antártica tem praia? Tem e é bem diferente da que estamos acostumados a ver no Brasil. Na foto, Tamara Klink está correndo de biquíni na Deception Island, ilha-vulcão, que fica bem próxima ao continente. As irmãs contam que de decepcionante (significado de Deception, o primeiro nome) o local não tem nada. Quando não há vento, dá para desembarcar no interior da ilha. Apesar do mar ser supergelado, as pedras e a areia grossa e preta que formam o chão são muito quentes por causa do vulcão. Assim, a água fica quentinha. Mas a temperatura do solo é tão alta que pode queimar os pés.

O gelo da Antártica não é só branco. Há diferentes tons de azul e até verde. Isso ocorre por causa da luz que reflete a cor da água. Por ser continente muito grande - é o quinto maior da Terra - e sem população nativa, ainda há várias áreas inexploradas. Há muitas montanhas; por isso, além de ter os ventos mais fortes do planeta (de até 300 km/h), é a região com maior altitude (distância entre o nível da água do mar e solo) média: cerca de 2.000 metros de altura, equivalente a prédio com 660 andares!

                                       por: Juliana Raves




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