quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Roterdão

             Roterdão expande-se para o mar

 

O maior porto da Europa sufoca por falta de espaço. Para ganhar terreno, os engenheiros criaram uma nova faixa de terra do tamanho de 4.000 campos de futebol. Uma façanha que recorda a construção dos diques que há meio século protegem as ilhas do sudoeste do país das marés.
Está um dia tempestuoso sobre "Maasvlakte II", com ventos de 6-7 na escala de Beaufort, e queda de granizo. Mas a preparação do futuro dos Países Baixos não para. Está em construção um novo dique marítimo, com um comprimento de 3,5 quilómetros, que irá servir em breve de quebra-mar para proteger o novo porto contra a força do mar. Isso requer, entre outras coisas, 20.000 blocos de betão (cubos de 2,5 metros de lado, pesando cada um 40 toneladas), colocados na água, bem perto da costa.
Para levar a bom termo este grande empreendimento, foi concebido um guindaste especial, já conhecido como Blockbuster. Custo: 10 milhões de euros. Oito operadores controlam a máquina, durante menos de uma hora seguida, explica Ronald Paul, diretor da organização responsável pelo Maasvlakte II.
É um trabalho que requer extrema concentração, porque os blocos são depositados no mar, com uma precisão de 15 centímetros. A construção de Maasvlakte II emprega atualmente uma média de 700 pessoas. Custa 1.500.000 euros por dia. O orçamento total do projeto é de 3.000 milhões de euros.

4 mil campos de futebol

Em 1 de setembro de 2008, Ivo Opstelten, presidente da Câmara de Roterdão na época, depositou, a título simbólico, o primeiro montinho de areia. A partir dessa data, enormes dragas de sucção retiram continuamente carregamentos de areia do fundo do mar do Norte, a cerca de 12 quilómetros dali, que são descarregados no Maasvlakte II.
Este trabalho deverá estar concluído dentro de dois anos. Nessa altura, terão sido deslocados 240 milhões de metros cúbicos de areia, no total. Os Países Baixos ficarão, então, com mais 2.000 hectares, ou seja 4.000 campos de futebol, sobre os quais serão erguidos terminais de contentores de grande envergadura. A empresa pública DP World, do Dubai, será a primeira a mudar-se, acompanhada de quatro outras companhias marítimas.

Orgulho holandês

Apesar de os trabalhadores serem de vários países (russos, ucranianos, filipinos e de países do Leste da União Europeia), o projeto Maasvlakte II é sobretudo neerlandês. "As pessoas estão expectantes, para ver como vamos levar a cabo esta grande obra", comenta Ronald Paul. “Futureland”, o centro de informações interativo localizado na fronteira entre Maasvlakte I e II, abriu as portas em 1 de maio de 2009. Recebeu o seu visitante 250.000 em 25 de junho passado. Segundo Ronald Paul, "Maasvlakte II alimenta o orgulho holandês. Recordam-se das obras no delta? Foi também um desempenho de nível mundial."
Nem toda a gente partilha deste otimismo. Há anos que o setor portuário vem lutando com organizações de defesa ambiental, como a Milieudefensie (Defesa do Meio Ambiente) e De Faunabescherming (de proteção da fauna), devido às possíveis consequências prejudiciais deste alargamento do porto. Em 2009, foram assinados acordos sobre os níveis máximos da poluição do ar.
Mas o descontentamento não desapareceu. Os moradores locais estão especialmente preocupados com o tráfego nas estradas, já hoje congestionadas. Em breve, acrescentar-se-á o tráfego que entra e sai de Maasvlakte II, o que deverá acabar com o pouco ar fresco de toda a região da foz do Reno.

O tráfego cresce, mesmo em tempos de crise

O porto de Roterdão está a rebentar pelas costuras. Maasvlakte I, construído na década de 1970, está cheio. Mesmo em tempos de crise, o tráfego portuário continua a crescer. O comércio do petróleo e de minério de ferro baixou, mas o crescimento da movimentação de contentores compensa essa baixa.
Mensalmente, são tratados, pelo menos, um milhão de TEU [Twenty-foot Equivalent Units – unidade standard equivalente a contentores de 20 pés]. Com a criação do Maasvlakte II, o porto de Roterdão fica com folga para os próximos 25 anos. Em 2030, o mundo será diferente. Haverá lugar para um Maasvlakte III? Para já, isso não preocupa os responsáveis do porto.

 Por: Bart Zuidervaart
 Presseurop

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