quarta-feira, 25 de maio de 2011

Navegar

Navego. Logo, existo

Quando estabeleceu-se a analogia “navegar” para aqueles que acessam a rede mundial de computadores, nunca se esteve tão próximo da perfeição ao tentar definir um ato humano. Principalmente ao se analisar a ação à luz das múltiplas atividades profissionais diretamente relacionadas à internet.
No tempo das grandes navegações, bravos (às vezes alguma brava também) se lançavam em suas caravelas – nada mais que cascas de amendoim frente à imensidão dos oceanos – a caminho de novas terras, novos povos, culturas e riquezas. Após embarcar, apenas dois caminhos possíveis: chegar ou morrer tentando.
Hoje, enquanto digito esse texto, um outro monitor mostra o que acontece na cidade, no País e no mundo. Esforço-me ao máximo para fazer aquilo que muitas crianças de 10 anos (ou menos) realizam intuitivamente: estar ligado em três, quatro, cinco coisas ao mesmo tempo.
Trabalhar na internet é embarcar em um navio cujo destino é incerto, mas as atividades são muitas e variadas. A maioria delas nem sempre pode ser feita em um mar de tranquilidade. Muito ao contrário, é em águas tempestuosas que nossa pequena fragata parece estar mais à vontade. Exigindo ao máximo dos marinheiros, cujo comprometimento e dedicação à missão devem ser totais.
Navegar é descobrir – e há um novo mundo a ser descortinado com a ajuda da web. A vantagem é que cada novo conhecimento pode ser instantaneamente repassado aos amigos, colegas de profissão e a quem mais interessar.
Navegar é informar, e nunca se consumiu tanto conteúdo. Por isso, a explosão de sites, portais, blogs, redes sociais e “o-que-ainda-virá” parece não ter fim. Há muita inutilidade e inverdade no meio disso tudo, é certo, mas bons filtros levam à boa informação. Saber procurar é fundamental nesses novos tempos – em vez de estrelas e astrolábios, mecanismos de busca e sites de referência.
Navegar é trabalhar, muito. É destinar várias horas do dia para manter o portal sempre atualizado e com conteúdo relevante. É sair à cata da notícia, arrancar o ponteiro das horas e fixar-se apenas nos minutos, pois a pressa é necessária (e só é inimiga da perfeição quando falta qualidade).
Navegar é ter os pés no chão, por mais estranho que isso possa parecer. Serve tanto para que se mantenha o foco no objetivo quanto para alertar que é possível que a embarcação chegue ao porto, mas que você não esteja entre aqueles que desembarcarão. É construir solidez em um ambiente em que tudo é volátil, virtual – mas, paradoxo tecnológico, perene.
Por fim, navegar é acreditar, pois sem esperança não há destino possível. Algo que portugueses, espanhóis, e até mesmo vikings, romanos, fenícios e chineses antes deles, já sabiam.

Por:Clóvis Augusto Melo

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