domingo, 17 de julho de 2011

Santuário para Baleias no Atlântico

Países da América do Sul querem formar um Santuário para Baleias no Oceano Atlântico


Criar um vasto santuário no Atlântico Sul onde as baleias possam viver sem medo de arpões, mesmo se a moratória à sua caça for levantada, é o objectivo dos países sul-americanos. Está a decorrer em Jersey a reunião anual da Comissão Baleeira Internacional.
“A lógica de um santuário é reforçar a moratória. Se um dia for levantada, teremos vastas regiões dos oceanos fechadas à caça comercial”, explica Vincent Ridoux, membro do comité científico da Comissão Baleeira Internacional (CBI).

Durante a reunião anual da comissão, até amanhã em Jersey, o Brasil e a Argentina apresentaram um projecto para criar um santuário para o Atlântico Sul, que se iria juntar aos dois grandes santuários já existentes: no oceano Índico (desde 1979) e no oceano Austral (1994).

Porém, o projecto não tem grandes hipóteses de ser adoptado este ano porque “faz parte das iniciativas a que o Japão se opõe, sistematicamente”, salienta Ridoux, membro da delegação francesa em Jersey.

Todos os anos, o Japão continua a caçar baleias no santuário do oceano Austral, alegando fins científicos. Para a próxima época, ainda não se sabia se Tóquio iria manter a caça por falta de dinheiro e pelos protestos ambientalistas. Mas hoje, a BBC noticia que o Japão vai mesmo continuar a caçar nas águas da Antárctida. Na reunião da CBI, Joji Morishita, da delegação japonesa, anunciou que o plano é voltar ao oceano austral. “Estamos agora a debater como vamos enviar de volta a nossa frota para o oceano austral”, disse Morishita, da Agência de Pescas japonesa.

A organização ambientalista Sea Shepherd também já garantiu que vai voltar à Antárctida, para dificultar a vida à frota do Japão.
Willie McKenzie, activista britânico da Greenpeace, considera que a criação de um novo santuário no Atlântico Sul – cujos limites iriam do Equador à fronteira do oceano Austral – permitiria proteger mais eficazmente as baleias nas suas migrações de milhares de quilómetros.

“A baleia de bossa, por exemplo, passa a época de reprodução nas águas quentes e depois passa a época de alimentação nas águas frias, o que significa que o santuário do oceano Austral não chega para esta espécie”, explicou. “Ao criar um santuário maior, estaremos a proteger todo o ciclo de vida da baleia.”

Um santuário no Atlântico Sul iria beneficiar, pelo menos, sete espécies, entre elas a baleia azul e a baleia de bossa, segundo o biólogo costa-riquenho Javier Rodriguez, fundador da Fundação Promar.

Além da conservação das baleias, “o objectivo dos países sul-americanos, apoiados pela África do Sul, é desenvolver uma actividade turística junto de uma população de baleias saudável”, através do whalewatching, lembra Vincent Ridoux.

Por: AFP:Publico

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