sábado, 21 de janeiro de 2012

Desastre do "Costa Concordia"

Acidente do "Costa Concordia" ainda tem um buraco negro de 40 minutos

 O que é que aconteceu na ponte de comando do Costa Concordia entre o momento que o navio embateu, sexta-feira ao princípio da noite, numas rochas a cerca de 300 metros da ilha de Giglio e o soar do sinal do alarme de abandonar o navio é ainda, quase quatro dias depois do acidente, um “buraco negro” sem explicações.
A imagem do majestoso Costa Concordia, que visitou Lisboa pela primeira vez a 19 de Julho de 2006, na sua viagem inaugural, mas que agora “deitado” sobre "estribordo", parcialmente submerso da proa até à ré e com um enorme rasgão no casco, do qual sobressai um enorme rochedo, diz tudo sobre a violência do embate.

De acordo com a cronologia do acidente publicada pela agência de notícias France Press, eram 21h30 (hora local) de sexta-feira, dia 13 de Janeiro, quando se deu o embate, tinha o Costa Concordia iniciado a viagem de Civitavecchia (Roma) para Savona (Noroeste de Itália) há aproximadamente duas horas, com cerca de 3.200 turistas de 60 nacionalidades, a maior parte deles italianos, alemães e espanhóis, e um milhar de tripulantes.



Milhões e milhões de palavras já foram escritas sobre como os passageiros viveram as horas seguintes.
“Viram o [filme] ‘Titanic’? Foi exactamente assim que aconteceu”. A frase, de uma professora norte-americana de Los Angeles que viajava no Costa Concordia com a família é lapidar e foi corroborada por milhares de declarações em várias línguas de passageiros do navio e transcritas na imprensa, registadas em imagens.

Também já é público que o navio se aproximou perigosamente de Giglio para saudar os habitantes da ilha e são vários os que dizem que era quase uma “tradição”. Só que nunca tão próximo como na sexta-feira, e sobretudo nunca tão próximo dos perigosos recifes Le Scole.

O ministro italiano da Defesa, um oficial de Marinha com o posto de Almirante, foi lapidar quando no Sábado afirmou que o acidente só podia ter ocorrido por “grosseiro erro humano”, explicando: “Navios dessas dimensões não podem navegar tão próximo de uma costa onde se sabe que há rochedos”.

Ainda no Sábado o comandante do Costa Concordia foi detido e prevê-se que hoje seja presente a Tribunal. Mas o seu julgamento público já está feito, designadamente depois que ontem a Costa Cruzeiros, subsidiária da Carnival Corp., tornou público que o comandante Francesco Schettino executou uma manobra “não aprovada, não autorizada e que não era do conhecimento da Costa”.
“Esta rota estava correctamente inserida. O facto de que [o navio] saiu do seu rumo deve-se somente a uma manobra do comandante não aprovada, não autorizada e que não era do conhecimento da Costa”, disse em conferência de imprensa o CEO da Costa Cruzeiros, Pier Luigi Foschi, que também enfatizou que os comandantes da empresa estão instruídos para não se aproximarem menos de 500 metros das costas.

A questão que permanece por explicar é porque depois de um embate com a violência que o casco do Costa Concordia “exibe” ao mundo, apenas cerca de 15 minutos depois, às 21h45, soou um primeiro aviso, de dois apitos longos e um curto, para avisar a tripulação da existência de um problema e só às 22h10 então soaram sete apitos curtos e um longo, o sinal de abandonar navio.
Muitos dos passageiros e tripulantes do Costa Concordia já vieram relatar como viveram a evacuação do navio, o pânico, o medo, as atribulações por que passaram, as histórias dramáticas que viveram.


E na ponte do comando? O que é que aconteceu durante esse tempo, o que estiveram os oficiais do Costa Concordia a tentar fazer? Porque é que os tripulantes não foram imediatamente alertados da gravidade da situação e instruídos para prepararem a evacuação do navio? Porque é que se demorou tanto tempo a accionar os barcos salva-vidas, ao ponto de quando começaram já não conseguirem com vários, porque o navio estava a inclinar-se muito rapidamente?

São vários os passageiros que relataram que depois do estrondo que ouviram e de o barco ter ficado às escuras, os tripulantes lhes diziam que não era nada de grave e que se tratava apenas de um problema eléctrico.
Também são vários os que reclamam que estavam de coletes postos e no deck de acesso aos salva-vidas, mas que os tripulantes continuavam sem os accionar...presumivelmente aguardando ordens para o fazer.
Mas o Costa Concordia continuava a adornar... e houve passageiros e tripulantes que optaram por se atirar ao mar e tentar chegar a terra a nado.


A Costa Cruzeiros já saiu em defesa dos tripulantes do Costa Concordia, elogiando-lhes a bravura nos momentos difíceis que passaram.
Mas a tardia evacuação do navio pode ter feito a diferença entre a vida e a morte para alguns dos passageiros.
Ao fim do dia de ontem, 72 horas depois do acidente, segundo a última actualização feira pela Guarda Costeira italiana, ainda há 29 passageiros do Costa Concordia de que se desconhece a situação e são dados como desaparecidos.

A notícia é dada simultaneamente com declarações de socorristas que dizem já ter vistoriado toda a parte do navio que está de fora de água, implicando que ou estão em paradeiro desconhecido em terra ou há poucas esperanças de serem encontrados com vida no Costa Concordia.
De acordo com a Guarda Costeira, dessas 29 pessoas, 25 são passageiros, dez deles alemães, seis italianos e dois norte-americanos, e quatro são tripulantes do navio.
Um dos oficiais da Guarda Costeira recusou no entanto “deitar a toalha ao chão” afirmando que ainda há uma “leve esperança” de que possam ser encontrados vivos dentro do enorme navio de 290 metros de comprimento e 114.500 toneladas.

Mas já depois desta informação, de acordo com uma notícia da imprensa italiana, os socorristas encontraram mais um corpo, o que eleva para sete o número de mortos confirmados no acidente do Costa Concordia e baixa para 28 o número de passageiros e tripulantes de que se desconhece a situação.
O facto é que entretanto se deterioraram as condições para os socorristas continuarem as buscas.
Algumas notícias dizem que o Costa Concordia está numa zona com cerca de 20 metros de profundidade, mas que há o risco de se soltar das rochas que o “agarram” e deslizar para profundidades na ordem dos 130 metros.



O que agrava o risco de uma catástrofe ambiental, que é outra das prioridades das autoridades italianas e da Costa Cruzeiros, que têm declarado estarem a trabalhar no sentido de retirarem do navio as cerca de 2.300 toneladas de fuel que estão nos seus tanques.

Por:Presstur

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