Caravela Boa Esperança, "encalhada" na marina de Lagos, vai ser posta à venda
Quem quer comprar uma caravela em bom estado? A Entidade Regional de Turismo do Algarve (ERTA) vai lançar o anúncio dentro de uma ou duas semanas. A réplica da Boa Esperança, caravela com que Bartolomeu Dias atingiu o oceano Índico, encontra-se a apodrecer, há dois anos, na marina de Lagos. O presidente da ERTA, António Pina, diz-se ligado "afectivamente" à embarcação, mas não possui meios para a manter a navegar.
António Pina considera que a utilização da caravela só para promoção "já não faz sentido", embora salvaguarde o "valor histórico" que, simbolicamente, representa num país de marinheiros. A aquisição, em 2000, pelo Turismo do Algarve, explica Paulo Neves, ficou-se pelos 75 mil euros, com a ajuda de fundos comunitários. "Agora, a manutenção ronda os 100 a 150 mil euros por ano", contrapõe António Pina.
O comandante da Boa Esperança , José Gravata, lamenta o ponto a que se chegou: "Foram tantas e tantas as promessas, mas faltou o dinamismo das entidades para dar novos rumos à embarcação". A última viagem que fez, há dois anos, não passou da costa algarvia. "Só para desenferrujar o motor", observa. A navegação à vela envolve 20 tripulantes. A alternativa passa por um motor de 180cv - "Fraco para puxar 140 toneladas."
A caravela tem um custo fixo com duas pessoas que zelam pela manutenção. O comandante recebe um subsídio quando navega. "Mas há dois anos que não recebo, porque a caravela está parada", comenta, embora todas as semanas se desloque de Faro a Lagos. "Estou nisto por gosto, bem como os voluntários que constituem a tripulação", observa José Gravata. "A câmara e o Centro de Ciência Viva de Lagos é que merecem o nosso reconhecimento", nota o comandante. Fica a crítica implícita ao Turismo de Portugal.
Por Idálio Revez -Publico
Caravela "Boa Esperança"
Comprimento de fora a fora 23,80 m | Boca 6,59 m | Pontal 3,25 m | Área vélica 235 m2